domingo, março 18, 2007

Como Lidar Com Um Maestro

MANUAL PARA LIDAR COM O MAESTRO

1. Nunca estar satisfeito com o tom da entrada. Se o maestro usar um diapasão, insistir na preferência pelo piano - e vice versa.

2. Queixar-se da temperatura da sala de ensaio, da iluminação, da falta de espaço ou das correntes de ar. É melhor fazer isto quando o maestro está sob pressão.

3. Enterrar a cabeça na partitura mesmo antes de uma deixa importante.

4. Pedir uma nova audição ou uma mudança de lugar. Pedir frequentemente. Dar a impressão de que se está prestes a desistir. Fazer com que o maestro saiba que se está ali como favor pessoal.

5. Limpar ruidosamente a garganta durante as pauses (os tenores estão treinados para fazer isto desde nascença). Interlúdios instrumentais calmos são uma boa oportunidade para assoar o nariz.

6. Muito tempo após uma passagem, perguntar ao maestro se o Dó natural estava afinado. Isto é particularmente eficaz se não se tiver um Dó natural ou se nem sequer se estava a cantar na altura.

7. Esperar bastante tempo após o início do ensaio para dizer ao maestro que não se trouxe nenhuma partitura.

8. Em momentos dramáticos da peça (quando o maestro estiver bastante emocionado) ocupar-se a marcar a partitura, para que o clímax soe vazio e desapontante.

9. Olhar frequentemente para o relógio. Agitá-lo com cepticismo, ocasionalmente.

10. Sempre que possível, cantar uma oitava acima ou abaixo do que está escrito. Isto é um excelente treino auditivo para o maestro. Se ele der por isso, negar veementemente e dizer que ele devia estar a ouvir os harmónicos.

11. Dizer ao maestro: "Não estou seguro(a) em relação à pulsação." Os maestros são muito sensíveis em relação à sua técnica de marcação de tempo, portanto há que desafiá-lo frequentemente.

12. Se se estiver a cantar numa língua pouco familiar para o maestro, colocar-lhe tantas questões quanto possível acerca do significado de palavras individuais. Ocasionalmente, dizer duas vezes a mesma palavra e perguntar ao maestro a sua preferência em termos de pronúncia, assegurando-se de ter pronunciado exactamente do mesmo modo das duas vezes. Se o maestro não detectar nenhuma diferença, olhar com total desdém e murmurar qualquer coisa acerca de “subtilezas de inflexão”.

13. Perguntar ao maestro se ele ouviu a gravação de Bernstein da peça que se está a ensaiar. Sugerir que ele poderia aprender uma coisa ou duas ao ouvi-la. Também é bom perguntar: “Esta é a primeira vez que dirige esta peça?”

14. Se o fraseado diferir da dos outros coralistas, persistir obstinadamente na nossa versão. Não perguntar ao maestro qual a versão correcta até estar nos bastidores, mesmo antes do concerto.

15. Durante uma pausa longa e significativa prolongar a nota durante mais um segundo ou entrar uma pulsação antes do fim da pausa.

16. Não esquecer: mais piano significa mais lento!

domingo, abril 16, 2006

Manifesto

Artigo publicado e subscrito por vários artistas portugueses de renome sobre o estado da actividade artistica em Portugal, que considero absolutamente actual, importante e de urgente divulgação.

Manifesto sobre o estado da Música Portuguesa

"Um país é o conjunto de pessoas e território, mas é também a mundivivência e interacção das pessoas, projectadas nesse espaço social onde convivem e circulam e onde fabricam as idiossincrasias que apelidamos de históricas, socioeconómicas, cívicas, culturais, etc.
Os artistas não são seguramente menos importantes que os médicos, ou os políticos, para a construção do conceito de País. Se considerarmos a projecção do acto cultural no meio nacional, acharemos até que o Artista se substitui muitas vezes ao Estado em acções que, embora de âmbito profissional, são inequivocamente pedagógicas, educativas e divulgadoras de cultura.
Em muitas aldeias, por vezes, se não fosse a Festa Anual, paga do bolso dos próprios habitantes, não haveria outra oportunidade de ver espectáculo, cantores, músicos, seguramente menores.
instrumentos musicais, teatro, numa palavra - Festa. E as referências culturais seriam por outro lado, muitas vezes - sempre que actua além fronteiras - isso converte o Artista num dos maiores "embaixadores de imagem cultural" do seu país. Quantas vezes em locais onde nunca irá nenhum governante...
Portugal será no Mundo a imagem dos seus políticos, mas não menos a dos seus desportistas, dos seus cientistas, dos seus autores, dos seus artistas. Esta provavelmente até, mais duradoura.
Se "a nossa Pátria é a nossa língua", a sua dimensão é também, seguramente, o espelho dos nossos autores, músicos, cantores, numa palavra: - o ponto de encontro de todos os seus intérpretes e criadores. E do avanço, qualidade e diferença que souberem consubstanciar.
Vem tudo isto a propósito apenas porque se sente que Portugal cuida muito mal dos seus artistas.
Portugal converteu-se num país onde se não conceitua o que é português. Sempre foi. Camões morreu na miséria. Muitos notáveis morreram às mãos da Inquisição. Pessoa foi contabilista. Virgílio Ferreira professor de liceu até à reforma. José Afonso contou essencialmente consigo e com os amigos na doença que o vitimou. Eduardo Lourenço, Jorge de Sena, Anabela Chaves e tantos outros tiveram de emigrar. Carlos Paredes foi - pasme-se! - arquivista de Radiologia do Hospital de S José. É, ao que parece, um déficit de autoestima crónico. Mas doentio e absurdo.
Os artistas vão resistindo conforme podem. Começa a constatar-se que fazer música e canção em português tornou-se penoso do ponto de vista da circulação discográfica. A uma produção cuidada e de qualidade poética e musical não está necessariamente reservado um espaço em correspondência com o esforço, o investimento, a honestidade e o eventual mérito. Pode ter-se feito a melhor canção do planeta que, se não tiver espaço de audição absolutamente nenhum...morre. Se uma canção não for ouvida, é como se nunca tivesse existido. E a recuperação torna-se impossível. Os editores amedrontam-se; os autores desistem; o circulo vicioso instala-se. E a música, estrangulada e sem quaisquer apoios, definha.
Caso curioso é que, não obstante, o público manifesta, por opinião directa e pela sua adesão e comparência maciça aos espectáculos, exactamente o contrário do que defendem aqueles que proclamam a sua indiferença - e até alergia... - ao que é português.
Por outro lado, com a crise instalada, as autarquias - que representam um universo de 80% dos clientes potenciais - obviamente, cortam nas despesas. E artistas, agentes, actores, técnicos, dançarinos, autores, músicos, cantores e promotores de espectáculo deparam com as portas fechadas. O facto é que a actividade do "Entretenimento", chamemos-lhe assim, é a primeira a parar, por razões obvias de subsistência.
Casos há, que urgia investigar, de profundo desequilíbrio financeiro, falência profissional, derivação para outras actividades, consequente desadequação, insistência desesperada, fracasso de carreiras, desespero, profunda infelicidade pessoal, depressão, suicídio.
É preciso perceber que o artista, por inerência da sua actividade, está exposto ao comentário público, pelo que é exponencialmente maior o seu sofrimento. A crise que o atinge é a mesma que, afinal, abarca todos os campos da actividade socioeconómica. Mas se a administração de uma empresa declarar falência, poucos sabem no país quem era o respectivo Presidente do Conselho de Administração. Se um artista for visto em situação económica embaraçosa, é logo uma vergonha do domínio público, com fortes probabilidades de divulgação meteórica, exactamente nos mesmos media cuja indiferença ajudou a levá-lo à miséria.
Há desconforto e enorme insegurança material espalhada na classe artística. Disfarçada com lantejoulas. Mas há. Evitemos a palavra fome. Mas há um enorme desacreditar. Há casos humanos terríveis a relatar e a denunciar. Que os próprios esconderão pois "parece mal" um artista fracassar. Seria, pensa ele, porque já não é amado ou apreciado. Porque, em última análise, já ninguém o considera "artista". Daí a uma enorme profunda e dramática crise pessoal é um passo mínimo. E os resultados, são por vezes um choque tragicamente surpreendente.
Será que o Estado português deve ignorar os seus artistas ? Estarão os subsídios de mérito a ser atribuídos com justiça, abrangência e adequação às circunstâncias ?
Servirão os artistas apenas para alegrar as campanhas dos partidos quando é necessário encher as salas, para depois serem cuidadosamente ignorados, como descartáveis quando passam eles próprios por problemas?

Seria assim tão descabida a atribuição de Bolsas de criação artística para conforto material mínimo, a exemplo do que tantos países fazem para com os seus autores e artistas ?
A canção feita em português e por portugueses não será património e memória para todos nós ?
Em que sonoridade queremos legar a nossa cultura aos nossos vindouros ? Em inglês ? Em português do Brasil ? Em espanhol ?

Por convergência duma persistente crise financeira, da contenção orçamental geral, das diminuídas capacidades financeiras das autarquias, da indiferença do Estado central e da muito estranha hostilidade das nossas Rádio e Televisão para com as pessoas ligadas à Música Portuguesa pergunta-se:
- Como sobreviver ? Que futuro ?".

quarta-feira, abril 12, 2006

César Franck



César Franck (n. Liège, 1822; m. Paris, 1890)

Compositor belga, excelente organista (Liszt chegou a compará-lo com Bach), cujas obras nunca foram bem recebidas pelo público em geral. Sofreu influências de Wagner nas suas composições, principalmente na forma, pois desenvolveu a "forma cíclica", onde um tema, modificado ou variado, surge em cada secção da obra.

Teve um papel importante no restaurar do interesse françês por musica "absoluta", abrindo caminho para Debussy, Ravel e outros.

Para conhecer melhor:

Variações sinfónicas; Sinfonia em Ré menor; Oratória La Tour de Babel; Missa para 3 vozes (S. T. B.); Quarteto de Cordas em Ré Maior; 6 pièces pour Grand Orgue; 3 Chorales para Orgão.

Próximo: Gershwin

sexta-feira, março 24, 2006

C.P.E.Bach


Carl(Karl) Philipp Emanuel Bach (n. Weimar,1714; m. Hamburgo, 1788).

Foi o 5º filho de J.S. Bach.
Desenvolveu a forma sonata, dando-lhe mais criatividade e imaginação; compôs sinfonias, concertos, 22 paixões, 2 oratórias e muitas canções.
Escreveu também um célebre tratado sobre a execução no teclado.

Obras para conhecer:

As Sonatas para teclado.



Próximo: César Franck

domingo, março 12, 2006

Webern



Anton Webern (n. Viena, 1882; m. Mittersill, 1945)

Compositor e Maestro austríaco, foi aluno de Schoenberg e amigo intimo de Berg. Começou a compor musica serialista e evoluiu depois para o dodecafonismo e mesmo o experimentalismo.

Foi morto acidentalmente por um soldado norte-americano em 1945. A sua obra foi censurada pelos nazis, embora as letras que usava nas suas cantatas revelassem alguma simpatia do compositor pela causa nazi.

Para conhecer:

Canon duplo para coro a capella; 3 cantatas; Canções espirituais, Op.15; variações para piano, Op.27

Próximo: C.P.E. Bach

quarta-feira, março 08, 2006

Von Weber


Carl Maria Von Weber (n. Oldenburg, 1786; m. Londres, 1826)

Compositor, pianista e maestro alemão, foi um dos mais importantes e famosos da sua época, nomeadamente pelo trabalho de emancipação da ópera alemã da influência italiana; Wagner foi o seu natural sucessor. Chegou a corresponder-se com Beethoven, de quem era amigo.
Algumas obras para se conhecer melhor:

Ópera: Der Freischütz; Oberon
Mus. Sacra: Missas em Mi b Maior e em Sol Maior.
Coro: Cantata do Jubileu
Orq: Sinfonias nº 1 em Dó Maior; nº 2 em Dó Maior; Concerto para piano nº1 em Dó Maior; nº2 em Mi b Maior;
Piano: Grande Polonaise; Allemandes; Écossaises; Sonatas; Rondó Brilhante.

Próximo: Webern

De volta

Peço perdão aos leitores deste blog pela demora em colocar novos posts, mas a falta de tempo, aliada à preguiça e a algum cansaço, fizeram com que o blog ficasse sem novidades durante algum tempo. Às vezes também é preciso uma pausa...
Mas agora voltei a blogar, e espero que com mais assiduidade.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Smetana



Bedrich Smetana (n. Litomysl, 1824; m. Praga, 1884).

Para ouvir:

Ópera: A Noiva Vendida

Orquestra: Má Vlast ( "A minha Pátria"); Carnaval em Praga

Piano: Danças Checas

A Seguir: Von Weber